Theatro Homerinho promove noite dos Cocos e Emboladas

Seja no asfalto, no barro ou em um piso de madeira; onde tiver lugar para bater os pés, é lugar de cantar e dançar o velho Coco. E o espaço dessa vez não poderia ser mais especial. Recém-inaugurado e nascido com o objetivo de fazer reviver parte da arte alagoana, o Theatro Homerinho, localizado no Jaraguá, vai receber em seu palco diversos artistas em uma apresentação chamada ‘Uma noite d’O QUE É NOSSO!’, com muito coco para o público. O evento será realizado neste sábado (21), a partir das 19h30.

Estrelando no palco do Homerinho, o conjunto Coco de Capote fará, na noite dos cocos e emboladas, sua primeira aparição. Além dele, uma participação especial compartilha o espaço, Muvuca do Pife e d’Os Verdelinhos.

O evento representa mais que apenas uma noite de festa, é uma aglomeração da história musical de Alagoas e do Brasil. Para Tainan Costa, artista e um dos fundadores do Homerinho, o evento é um marco.

“Meu coração se enche de alegria porque vamos ter coco para dançar no palco do Homerinho, teatro que fundei junto com Ivana Iza. O Homerinho passa então a ser, humildemente, vitrine de uma cena pulsante”, fala Tainan.

Empolgado com a ideia do primeiro encontro de reavivamento da cultura de Alagoas, ele disserta sobre o significado que o evento traz consigo, com os artistas presentes e até mesmo com o público que irá participar.

“A reunião de artistas significa a continuidade de uma cena artística que perpassa espaços como a casa de taipa da Família Verdelinho; o Barzarte, do fabuloso artista Topete, e o Quintal Cultural. Em todos estes lugares, o coco pulsa vibrante em suas diversas formas. O Homerinho abre suas portas para abrigar a cena e ser mais um lugar de difusão dos saberes e práticas do coco.

Vago para muitas pessoas, Tainan explica ainda que o Coco costuma ser lembrado apenas como uma dança, mas que na verdade é um conjunto completo de arte, englobando a música, que não só é tocada no pandeiro, mas até mesmo pela guitarra.

“Coco de Roda é a dança, a brincadeira que, estilizada, sobrevive belissimamente nos palcos do São João e na liga de cocos. Tratar o coco apenas como dança é, a nosso ver, reducionismo. Assim como existe o sambista, o forrozeiro, existe o coqueiro ou coquista. Existe o coco de baile, o chamado coco solto, que tem sanfona, violão de sete cordas, guitarra, cavaquinho, gonguê e triângulo, além de pandeiro e ganzá”, explica.

A performance a ser apresentada não se limita ao que já é conhecido. A noite também marca o lançamento do EP Coco de Capote, com músicas autorais. A composição desse grupo é um tanto diversificada, como explica Tainan, que é um dos integrantes.

“O Coco de Capote é a junção de Fagner, Marvin e Rogério, que são da grande Poesia na Trincheira comigo. E os cocos dessa parte do show são autorais e tradicionais. A gente com Gustavo Rolo, também integrante da Poesia na Trincheira, no violão de 7 cordas e arranjos. Além de Nego Lukas, baixista afinado com as ideias relacionadas à leitura que fazemos do coco”, pontua.

O palco do Homerinho servirá como uma enorme máquina do tempo, pois o espetáculo que ali será apresentado tem como inspiração o velho coco, como era feito antigamente. “O que vai ao palco do teatro no dia 21 é uma banda de coco. Nos moldes do que acontecia muito na primeira metade do século 20, nos teatros do Rio de Janeiro”, diz Tainan.

Muito mais do que apenas contemplar a arte, o público terá um papel crucial no evento. Parte da estrutura do teatro, onde fica a plateia, foi transformada para que, quando os ânimos se aflorarem, os que antes eram apenas ouvintes tornem-se parte da música e da dança, juntando-se aos artistas que se apresentam.

“O Show é um baile. O Homerinho tem a vantagem de ser um espaço modular. Retiraremos metade das cadeiras para que uma parte do público fique em pé e dance livremente”, conta.

O Theatro fica localizado no Jaraguá, na Rua Sá e Albuquerque, 450. O espetáculo começa às 19h30 e os ingressos estão disponíveis no site Sympla.com.