Bastidores do Congresso
Motta mira agradar Lula e STF ao avançar com cassações de bolsonaristas

Lula é um produto vencido”

O saudoso presidente da OAB Reginaldo de Castro disse certa vez em Florianópolis, durante uma Conferência de Advogados, que o Judiciário ainda se julga herdeiro da monarquia, usando tratamentos como “Excelso Pretório” (alto, sublime), “excelentíssimo”, “meritíssimo” etc. Sua frase lapidar arrancou aplausos:
“Às vezes o venerando acórdão é proferido por um salafrário e nós temos de chamar de ‘venerando acórdão’.”
Motta entrega cabeças bolsonaristas a Lula e STF
A decisão de pautar a cassação de mandatos na Câmara foi associada, espertamente, pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Rep-PB), ao projeto da dosimetria. Políticos mais experientes destacam que Motta viu a oportunidade de prestar vassalagem a Lula e ao STF, entregando-lhes, de bandeja, as cabeças dos deputados bolsonaristas Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro (RJ) e Carla Zambelli (SP), por diferentes razões, mas, sobretudo, porque desafiam autoridades que tentam riscá-los do mapa.
Jogada esperta
Para acalmar a direita, Motta incluiu Gláuber Braga (Psol-RJ), que havia prometido proteger, acusado de expulsar um cidadão da Câmara a pontapés.
Cabeças entregues
Motta pautou a “dosimetria”, mas avisou que não pode “garantir” que o mesmo aconteça no Senado. Aliás, torce para que isso não aconteça.
Chances mínimas
O dono da pauta no Senado é seu presidente, Davi Alcolumbre, que anda louco para se reconciliar com Lula e é dono de muuuitos cargos.
Cenoura de burro
Além de entregar as cabeças que Lula e o STF queriam, Motta ainda enterra o projeto da anistia, usando a dosimetria como cenoura de burro.
Marcos Pereira vira assunto após reunião de Flávio
Dois assuntos renderam após a reunião de Flávio Bolsonaro com caciques do PL e União Progressista, na segunda (8): as propostas do senador para acalmar a direita, claro, e o que incendiou a pauta de líderes da Câmara e do Senado: a ausência do presidente do Republicanos, Marcos Pereira. A desculpa de “compromisso agendado” não foi digerida e foi até lembrada como a mesma usada por Hugo Motta para se ausentar do factoide de Lula sobre a isenção do Imposto de Renda.
Lá e cá
Pereira saiu visto como quem quer manter um pé em cada canoa. O partido tem lulistas e ocupa o Ministério de Portos e Aeroportos.
Silêncio orientado
Mesmo o silêncio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Rep), que tem boa relação com o clã Bolsonaro, caiu na conta de Pereira.
Brigar é ruim
Marcos Pereira é parlamentar por São Paulo, estado que mais elegeu deputados do PL de Flávio Bolsonaro em 2022: foram 17.
Mais amor, por favor
Ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, ontem, Marco Aurélio Mello citou “vício de procedimentos” e “invasão da seara alheia” em decisões do STF, e pediu mais “amor à Constituição, inclusive no tribunal”.
Censura in natura
Sem controle da Câmara, Hugo Motta expulsou os jornalistas que registravam o motim de Glauber Braga (Psol-RJ), sequestrando a presidência da mesa. E mandou desligar as câmeras da TV Câmara.
Ver para crer
Na governista CPI do Crime Organizado, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) citou viagens em jatinhos bancadas pelo crime para prever a inédita prisão de um ministro de tribunal superior: “parece que se avizinha”.
Celina na ponta
Pesquisa Real Time Big Data mostra Celina Leão (PP) com folgada liderança na capital federal. Os cenários, com a vice-governadora sempre na ponta, variam entre 40% e 50%.
Esqueceram de mim
Foi preciso cravarem balas na fachada da embaixada do Brasil em Benin, durante tentativa de golpe (de verdade), no domingo (7), no país africano, para o Itamaraty lembrar que a embaixadora Regina Bittencourt, coitada, chefia o posto há 5 anos. Rodízio a cada 3 anos só em postos chiques.
Banqueiros com inveja
Após virar o maior e mais valioso do País, o Nubank comprará um banco para manter “bank” no nome, que os bancões mandaram o governo Lula proibir. O Nu paga R$ 245 bilhões em impostos — comprar banco é troco.
Até o fim
Fora do União Brasil, Celso Sabino garante que não deixa o Ministério do Turismo, razão da expulsão. Pretende ficar no cargo, ao qual se agarra como carrapato, até o limite do prazo para desincompatibilização.
Empurrou
Sem risco de ser incomodado na governista CPI do Crime Organizado, Ricardo Lewandowski (Justiça) ainda empurrou a responsabilidade para os estados, que acusou de nada fazerem contra a criminalidade.
Pau bate em Chico?
O deputado que sequestrou a sessão na Câmara, ontem, será incluído na ação do STF contra “ataques às instituições democráticas”?

