Editorial
Devastação

O Brasil enfrentou em 2024 um dos anos mais críticos em três décadas no que diz respeito a queimadas: cerca de 30 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo, um salto de quase 80% em relação a 2023 e a segunda maior devastação desde 1985.
Um aspecto mais preocupante é que 73% dessa área corresponde a vegetação nativa, especialmente florestas. Na Amazônia, as queimadas cresceram 287% em relação à média das últimas quatro décadas, atingindo 7,7 milhões de hectares de floresta. O Pantanal não ficou imune: 1,9 milhão de hectares foram atingidos.
Esse quadro é fruto da combinação entre clima adverso, especialmente a influência do El Niño, e uma seca histórica, e práticas humanas prejudiciais.
É nesse contexto que se realça a necessidade de fortalecimento da fiscalização e repressão, investimento em monitoramento por satélite, apoio a brigadas locais bem treinadas e atuação eficiente de agências ambientais.
Com o Brasil sediando em novembro a COP30 em Belém-PA, cresce a expectativa por resultados concretos. Isso inclui a meta de zerar o desmatamento ilegal até 2030. O desafio é grande, mas as possíveis soluções já estão à disposição: resta apenas implementá-las com consistência, urgência e transparência.