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Moradia

Drama da entrega do Residencial Santa Amélia chega à Câmara de Maceió

Oposição acusa prefeito de JHC de suspender o sorteio de 500 unidades sem dar explicações

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Ex-prefeito e atual vereador Rui Palmeira subiu à tribuna para relatar as inúmeras reclamações que tem recebido de famílias
Ex-prefeito e atual vereador Rui Palmeira subiu à tribuna para relatar as inúmeras reclamações que tem recebido de famílias | Foto: Dicom CMM

O sonho da casa própria se transformou em um pesadelo burocrático para 1.180 famílias em Maceió. O Residencial Santa Amélia, com unidades prontas há dois anos e 7 meses, segue inacessível para os beneficiários do programa habitacional, que vivem à espera do sorteio das chaves.

A promessa feita pela Prefeitura no início deste mês, de entregar 500 unidades ainda na semana passada, não se concretizou, e o sorteio foi adiado sem nova data definida — uma frustração que revoltou moradores e chegou até a Câmara Municipal

O impasse envolvendo o residencial ganhou os holofotes na sessão legislativa dessa terça-feira (24), quando o ex-prefeito e atual vereador Rui Palmeira subiu à tribuna para relatar as inúmeras reclamações que tem recebido de famílias aguardando uma definição. Em discurso, Rui lembrou que as obras do residencial foram contratadas em sua gestão e finalizadas ainda no início do mandato do atual prefeito JHC (PL), em 2022. “São dois anos e sete meses de espera por um imóvel que já está pronto”, disparou o parlamentar.

A Prefeitura de Maceió, que inicialmente culpava a Companhia de Abastecimento de Alagoas (Casal) pela ausência de fornecimento de água, prometeu perfurar poços artesianos para resolver a questão. No entanto, segundo a oposição, essa solução também emperrou. “Cavam há tanto tempo que vão acabar chegando na China”, ironizou Rui, apontando a lentidão na entrega dos poços e no fornecimento de água como mais um entrave criado pela própria administração municipal.

A visita de Rui ao canteiro de obras na semana passada revelou que parte da infraestrutura ainda está incompleta. Apesar de técnicos da Equatorial estarem trabalhando para eletrificar os poços, ao menos um deles ainda não está finalizado. A constatação só aumenta a sensação de descaso e improviso na condução de um projeto que deveria priorizar a dignidade das famílias contempladas.

O sorteio das chaves de 500 unidades estava agendado para o último dia 12, mas, sem explicação convincente, foi cancelado. Em nota, a Prefeitura limitou-se a dizer que o evento ocorrerá "em breve", mas a falta de compromisso com prazos concretos escancara a insegurança de quem depende de uma solução imediata. Rui Palmeira pediu que tanto a Prefeitura quanto a Caixa Econômica Federal atuem para concluir o processo e entregar as moradias.

O presidente da Câmara, vereador Chico Filho (PL), não se pronunciou sobre o conteúdo do discurso, mas parabenizou o colega da oposição. Já o vereador David Empregos (União Brasil), defensor da gestão de JHC, rebateu Rui, sugerindo que a culpa não seria da Prefeitura, mas das concessionárias BRK e Casal, que não concluíram as ligações de água e esgoto. O embate revela que o drama das famílias está sendo usado como palanque político.

Em sua fala, David apresentou documentos atestando que a Casal havia confirmado a viabilidade de abastecimento de água na região e afirmou que não houve cobranças formais da antiga gestão quanto a esse serviço. Ao focar em responsabilizações passadas, o vereador desviou o foco do problema central: a moradia pronta, mas não habitável, por falta de articulação eficiente entre entes públicos e privados.

O parlamentar ainda garantiu que os cinco poços prometidos já foram perfurados pela atual gestão, e que a responsabilidade pela interligação com o sistema de reservatórios agora seria da BRK. Segundo ele, o processo está em andamento e a entrega ocorrerá “em breve”. No entanto, assim como a nota da Prefeitura, o discurso careceu de datas e compromissos concretos.

A ausência de prazos reforça a sensação de negligência com a população que, em muitos casos, já passou por anos de aluguel, moradia precária ou até mesmo ocupações improvisadas. O que era para ser uma conquista está sendo vivido como angústia, com famílias que não sabem mais em quem confiar ou a quem recorrer.

O caso do Residencial Santa Amélia expõe o colapso da articulação entre os diferentes níveis da administração pública. Obras concluídas e unidades finalizadas não bastam quando há falhas graves de planejamento logístico e de coordenação entre prefeitura, empresas concessionárias e órgãos financiadores. O resultado é a paralisação de um projeto social com alcance direto na qualidade de vida de milhares de pessoas, afirmam s vereadores de oposição.

"Em vez de promover disputas ideológicas ou jogos de empurra, a Câmara deveria atuar com firmeza na fiscalização dos processos e cobrar, de forma incisiva e apartidária, soluções objetivas, afirmam as famílias que esperam ser sorteadas", ressalta Rui.

"Enquanto os discursos se sucedem e as justificativas se acumulam, mães, pais e crianças seguem na fila da esperança, com malas prontas e aflitos. Se o residencial está realmente pronto, a pergunta que ecoa é simples: por que ninguém ainda mora lá?" , questiona.

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