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Estudo

Sistema com árvores neutraliza emissão de metano por bovinos na pastagem

Estudo da Embrapa confirma que modelo silvipastoril sequestra carbono, reduz impacto ambiental e oferece conforto térmico aos animais

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Um estudo desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), confirmou que o sistema silvipastoril (SSP) — que integra pastagem com árvores — é capaz de neutralizar as emissões de metano entérico de mais de dois bovinos adultos por hectare, graças à fixação de carbono no tronco das árvores destinadas a produtos de maior valor agregado, como mobiliário.

O resultado é expressivo, considerando que a média nacional de lotação no Brasil é de apenas um bovino adulto (450 kg de peso vivo) por hectare. A adoção desse modelo permite mais que o dobro da lotação padrão brasileira, conciliando produtividade e sustentabilidade ambiental.

A pesquisa comparou uma área de pastagem de capim-piatã sombreada por eucaliptos com um sistema de manejo convencional, a pleno sol. Foram avaliadas as emissões de metano com base na metodologia do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e a fixação de carbono nas árvores, considerando altura e diâmetro dos troncos.

Mesmo em condições de taxa de lotação 256% superior à média nacional, o componente florestal apresentou alto potencial de compensação das emissões. Segundo o pesquisador José Ricardo Pezzopane, o balanço líquido de carbono ficou negativo em -14,28 Mg CO₂ equivalente por hectare ao ano. “Isso significa que, além de neutralizar as emissões de metano dos animais, o sistema ainda sequestra uma quantidade significativa de carbono”, explica.

O modelo implantado utiliza eucalipto, com plantio iniciado em 2011 no espaçamento de 15 x 2 metros (333 árvores por hectare) e, após desbaste em 2016, passou para 15 x 4 metros, mantendo 167 árvores por hectare.

Além dos ganhos ambientais, o estudo destaca que o sistema silvipastoril proporciona maior conforto térmico aos animais, reduzindo o estresse por calor. A sombra gerada pelas árvores impacta diretamente no bem-estar dos bovinos e pode refletir em ganhos produtivos, especialmente em cenários de temperaturas elevadas.

Com essa configuração, o sistema conseguiu compensar 77% da emissão de metano, considerando apenas o carbono estocado nos troncos. Essa compensação equivale às emissões de 2,3 bovinos adultos por hectare, enquanto a taxa real de lotação no experimento foi de 3,01 bovinos adultos por hectare.

Redução do estresse térmico nos bovinos contribui para o bem-estar do animal e potencial ganho de produtividade em climas mais quentes
Redução do estresse térmico nos bovinos contribui para o bem-estar do animal e potencial ganho de produtividade em climas mais quentes | Foto: Divulgação

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